Menopausa precoce e planeamento da fertilidade

Se está a tentar ter filhos, é provável que pondere o momento certo para engravidar tendo por base uma vaga ideia da altura em que chegará a menopausa. A menopausa assinala o “fim da linha” para mulheres que querem engravidar.

Se está a tentar ter filhos, é provável que pondere o momento certo para engravidar, tendo por base uma vaga ideia da altura em que chegará a menopausa. A menopausa assinala o “fim da linha” para mulheres que querem engravidar. Na maioria das mulheres, a menopausa ocorre entre os 45 e os 55 anos (em média, aos 51); contudo, em algumas mulheres, esta pode surgir muito mais cedo do que o esperado, o que pode constituir um obstáculo às suas preferências no que diz respeito ao planeamento familiar.

O que é a menopausa precoce?

Os médicos fazem uma distinção entre a menopausa precoce, que ocorre entre os 40 e os 45 anos, e a menopausa prematura, também conhecida por falência ovárica prematura ou insuficiência ovárica primária, a qual se dá antes dos quarenta anos.

Os estudos realizados indicam que cerca de 5% das mulheres têm menopausa precoce, sendo que a menopausa prematura ocorre em mais 1% das mulheres..

Qual é a causa da menopausa precoce?

Para muitas mulheres, a menopausa precoce ou prematura é idiopática, ou seja, não tem uma causa médica conhecida. Dito isto, existem vários fatores que podem conduzir à menopausa precoce ou à insuficiência ovárica primária:

Os tratamentos de quimioterapia ou radioterapia conduzem frequentemente à menopausa, uma vez que o tratamento pode provocar lesões nos ovários e impedi-los de ovular. Nestas situações, é possível que o seu organismo recupere e comece novamente a ovular, apesar de ainda poder vir a ter dificuldades em engravidar devido a outros efeitos do tratamento nos seus órgãos reprodutores.

Doenças genéticas e cromossómicas, como a síndrome de Turner, podem afetar os ovários logo após o nascimento, conduzindo à menopausa precoce ou prematura.

Doenças autoimunes como diabetes, artrite reumatoide e doenças da tiroide, são sinais de uma disfunção no sistema imunitário, que ataca o organismo em vez da doença. Nestes casos, o sistema imunitário pode também atacar os ovários e impedir que funcionem corretamente.

Algumas infeções, como a papeira, a malária e a tuberculose, podem danificar os ovários, mas esta situação é muito rara. Sem o devido controlo com medicação, o VIH e a SIDA podem também conduzir à menopausa.

A cirurgia para remoção dos ovários provoca forçosamente a menopausa.

O tabaco pode acelerar a degeneração dos folículos (ovócitos prematuros). As mulheres nascem com uma média de um milhão de folículos, e este número vai diminuindo lentamente ao longo do tempo. Os folículos não são gastos apenas na ovulação e na menstruação; sofrem também um processo denominado atresia, em que simplesmente degeneram e morrem. O tabagismo acelera este processo.

Num estudo conduzido na Dinamarca, verificou-se que existirá uma ligação entre a idade a que a sua mãe entrou na menopausa e a sua reserva ovárica, isto é, o número de ovócitos que ainda tem no seu organismo. Se tiver antecedentes familiares de menopausa precoce, é provável que tenha uma reserva ovárica inferior à média, que tenha dificuldades em engravidar numa idade inferior à média, e que a menopausa se inicie mais cedo do que a média.

O que é a perimenopausa?

É raro a menopausa ocorrer totalmente de um dia para o outro (de facto, tal só aconteceria se os seus ovários fossem retirados cirurgicamente). As mulheres passam por uma fase designada perimenopausa, que se refere a um período em que ainda ovulam, mas com uma frequência muito mais baixa. Nesta fase, os ciclos menstruais tornam-se irregulares e mais espaçados.

A perimenopausa pode durar até seis anos ou mais, durante os quais ainda é possível engravidar, mas é muito mais difícil. Num estudo, verificou-se que entre 2,2% a 14,2% das mulheres envolvidas engravidaram naturalmente e deram à luz um bebé saudável.

Se começar a ter períodos visivelmente mais longos ou mais curtos do que é habitual, ou se o período parar totalmente durante três ciclos, poderá estar a entrar na perimenopausa. Poderá também ter alguns dos sintomas da menopausa, como afrontamentos, secura vaginal, insónia, dor de cabeça, ansiedade e dores nas articulações.

De que forma é que a menopausa precoce afeta o seu planeamento da fertilidade?

Após a menopausa, não poderá voltar a engravidar naturalmente, mas ainda poderá ter filhos através de FIV com doação de ovócitos ou com os seus próprios ovócitos congelados numa altura anterior da sua vida.

Poderá já ter ouvido falar sobre a terapêutica hormonal de substituição, ou THS, que é frequentemente recomendada em mulheres que apresentam menopausa precoce. No entanto, a THS é indicada apenas em vários outros problemas de saúde associados à menopausa, como osteoporose e risco aumentado de cancro, além de ser prescrita para controlar os sintomas da menopausa. Não permite melhorar a fertilidade.

Se:

  • Tiver antecedentes familiares de menopausa precoce;
  • Tiver uma doença autoimune, infeção ou doença genética que possa conduzir à menopausa precoce;
  • Tiver sido aconselhada a iniciar um tratamento ou a fazer uma cirurgia que possa ter efeitos na sua fertilidade;

é aconselhável considerar a hipótese de congelar os seus ovócitos o mais rapidamente possível.

A congelação de ovócitos na casa dos 20 ou dos 30 anos permite que a qualidade dos ovócitos seja superior, aumentando as suas hipóteses de sucesso quando, mais tarde, os utilizar para engravidar através de FIV. A qualidade dos ovócitos pode entrar em declínio muito antes da menopausa, o que significa que, mesmo que engravide durante a perimenopausa, terá maior risco de ter um aborto espontâneo e de o ovócito não se dividir corretamente, fazendo com que cada célula do embrião tenha um número errado de cromossomas.

A possibilidade de ter menopausa precoce ou prematura é um fator a ter em conta nos seus futuros planos de ter filhos. Independentemente das opções que venha a tomar, desejamos que o caminho que a conduz à maternidade seja agradável e cheio de sucessos.

O ganho de peso conduz à perda de fertilidade?

É do conhecimento geral que ter peso a mais pode afetar a saúde em muitos aspetos, mas os estudos indicam que o excesso de peso pode também ter um impacto significativo na fertilidade.

É do conhecimento geral que ter peso a mais pode afetar a saúde em muitos aspetos, mas os estudos indicam que o excesso de peso pode também ter um impacto significativo na fertilidade. Existem pelo menos 3 formas através das quais o peso pode afetar a probabilidade de engravidar:

  • Interferindo com o ciclo menstrual
  • Alterando a qualidade dos óvulos
  • Aumentado o risco de ter um aborto espontâneo

Que peso é considerado excessivo?

No que diz respeito à fertilidade, o peso é medido de acordo com o IMC, o índice de massa corporal. De uma forma geral:

  • Um IMC inferior a 18,5 é indicativo de baixo peso
  • Um IMC entre 18,5 e 24,9 é saudável
  • Um IMC entre 25 e 29,9 é indicativo de excesso de peso
  • Um IMC superior a 30 é considerado obesidade

Dito isto, o peso considerado saudável varia conforme a pessoa. É possível que uma mulher com um IMC saudável tenha problemas de fertilidade relacionados com o peso e que uma mulher com excesso de peso consiga engravidar e dar à luz ser qualquer problema.

O excesso de peso pode interferir com o ciclo menstrual

O principal fator através do qual o excesso de peso afeta a fertilidade consiste na possibilidade de interferência com o seu ciclo menstrual.

O seu ciclo menstrual é regulado por um equilíbrio delicado nas hormonas produzidas pela hipófise e pelo hipotálamo, as glândulas que estimulam os ovários. A hormona mais importante é a hormona libertadora de gonadotrofinas, ou GnRH. Esta estimula a produção da hormona folículo-estimulante (FSH), a qual inicia o desenvolvimento de ovócitos nos ovários e aumenta os níveis de estrogénio; e da hormona luteinizante (LH), que desempenha um papel na maturação dos ovócitos e na sua libertação atempada.

Normalmente, o hipotálamo liberta GnRH a cada uma a duas horas, a um ritmo constante, mas em casos de excesso de peso, o acréscimo de tecido adiposo produz a sua própria hormona, designada leptina, a qual interrompe a produção de GnRH e perturba todo o ciclo menstrual. Quanto maior a quantidade de gordura em excesso, especialmente na zona do abdómen, maior a quantidade de leptina produzida pelo corpo.

A obesidade provoca ainda uma redução na produção da globulina de ligação das hormonas sexuais (SHBG) e da hormona de crescimento (GH), as quais também estão envolvidas na estimulação dos seus ovários, para que estes produzam níveis adequados de androgénio e estrogénio. Um estudo indica, que as mulheres obesas têm muito menor probabilidade de engravidar naturalmente no período de um ano do que as mulheres que se encontram num intervalo de peso normal.

A obesidade pode até conduzir a uma situação de anovulação, em que os seus ovários simplesmente param de produzir ovócitos por completo, devido à perturbação do equilíbrio hormonal. As mulheres com IMC superior a 27 têm uma probabilidade três vezes superior de ter parado de ovular do que as mulheres com um IMC normal.

Alteração da qualidade dos ovócitos

A ciência ainda se encontra a investigar a existência de uma ligação entre a obesidade e um declínio na qualidade dos ovócitos, mas é provável que, mesmo que se encontre a ovular, a obesidade reduza a qualidade dos ovócitos. Uma vez que o ovócito se divide continuamente, é mais provável que ocorram anomalias na divisão, originando ovócitos com um número errado de cromossomas, e/ou que os ovócitos não possam ser fecundados corretamente.

Num outro estudo, verificou-se que por cada ponto adicional no IMC acima dos 29, a probabilidade de engravidar no espaço de 1 ano diminui em cerca de 5%.

Aborto espontâneo e nascimento

Os investigadores descobriram ainda que, após engravidar, a obesidade pode afetar a probabilidade de a mulher concluir a gravidez e dar à luz um bebé saudável. Segundo o sistema nacional de saúde britânico (NHS), as mulheres obesas apresentam taxas de aborto espontâneo mais elevadas, maior risco de desenvolver diabetes gestacional, pressão arterial elevada e pré-eclâmpsia, estando mais sujeitas a sofrer complicações no momento do parto. Quanto maior o IMC, maior o risco.

Num estudo, concluiu-se que até uns “quilinhos” a mais podem ter um efeito surpreendente na ocorrência de aborto espontâneo durante a FIV. Trinta e oito por cento das mulheres com um IMC igual ou superior a 25 tiveram um aborto espontâneo no primeiro trimestre, em comparação com 20% das mulheres com um IMC saudável.

Obesidade e infertilidade masculina

Um outro aspeto a ter em conta consiste no facto de que o ganho de peso também pode provocar infertilidade nos homens. Alguns estudos indicam que os homens com excesso de peso, com um IMC superior a 25, apresentam uma redução de 22% na contagem de espermatozoides e de 24% na concentração de espermatozoides. Além disso, os níveis de testosterona diminuem com o aumento do IMC, o que reduz o desejo sexual (libido).

O peso não é o único fator que afeta a fertilidade, sendo que a presença de miomas pode reduzir a capacidade de engravidar. No entanto, se tiver dificuldades em engravidar e tiver excluído outros fatores que possam estar a impedir uma gravidez, poderá considerar a necessidade de perder peso.

Desejamos que o caminho que a conduz à gravidez e à maternidade seja agradável e que a viagem decorra sem percalços.

Quão difícil é, exatamente, engravidar depois dos 35?

Se está a tentar ter filhos, ou se quer ter filhos, um dia, mas não tem possibilidade de o fazer no imediato, já lhe devem ter dito que deve começar antes dos 35, já que, mais tarde, terá sérias dificuldades.

Se está a tentar ter filhos, ou se quer ter filhos, um dia, mas não tem possibilidade de o fazer no imediato, já lhe devem ter dito que deve começar antes dos 35, já que, mais tarde, terá sérias dificuldades.

Estas afirmações provocam stresse e a ansiedade, mas será que têm algum fundo de razão? Quão difícil é, exatamente, engravidar depois dos 35? Vale a pena ter esperança?

Como em muitos casos, a resposta é mais complicada do que nos é dado a entender.

O “35” não é nenhum número mágico

É impossível traçar uma linha temporal e afirmar que, depois dessa data em concreto, a sua fertilidade irá cair a pique. Na realidade, o que acontece é que que a fertilidade começa a diminuir gradualmente à medida que se aproxima dos 30 anos. A velocidade de declínio aumenta ao chegar aos 32, voltando depois a aumentar perto dos 37 anos.

Aos 40, a fertilidade já diminuiu significativamente. Ainda é possível engravidar, mas pode demorar muito mais do que esperava.

Em seguida, apresentam-se alguns números que explicam melhor a situação. Num grande estudo estudaram-se as taxas de gravidez de mulheres que tiveram relações sexuais no seu dia mais fértil. Verificou-se que:

  • As mulheres entre os 19 e os 26 anos tinham uma probabilidade superior a 50% de engravidar
  • As mulheres entre os 27 e os 34 anos apresentavam uma taxa ligeiramente inferior a 40%
  • As mulheres entre os 35 e os 39 anos tinham uma probabilidade inferior a 30% de engravidar, quase metade da taxa apresentada pelas mulheres com idade entre os 19 e os 26.

Por outras palavras, tem 25% de hipóteses de engravidar, em cada mês, antes dos 30 anos, mas este número diminui para 5% ao chegar aos 40.

Isto não quer dizer que seja impossível, apenas que é menos provável.

Outra forma de calcular a fertilidade consiste em verificar quanto tempo é preciso até uma mulher engravidar e ter um filho. Através deste método,  calculou-se que:

  • 75% das mulheres de 30 anos estão grávidas ao fim de 1 ano; 91% engravidam no espaço de 4 anos.
  • 66% das mulheres de 35 anos estão grávidas ao fim de 1 ano; 84% engravidam no espaço de 4 anos.
  • Apenas 44% das mulheres de 40 anos estão grávidas ao fim de 1 ano; somente 64% engravidam no espaço de 4 anos.

Dados estes números, a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM, American Society of Reproductive Medicine) recomenda que inicie uma avaliação de infertilidade se não tiver engravidado ao fim de 12 meses de sexo não protegido, se tiver menos de 35 anos, ou ao fim de 6 meses, se tiver mais de 35 anos.

Não é só a questão da fertilidade

Quando se fala sobre a dificuldade de engravidar após os 35 anos, é importante recordar que não nos referimos apenas às taxas de gravidez.

A idade aumenta a probabilidade de ocorrência de aborto espontâneo ou morte fetal.

O risco de o bebé ter malformações congénitas graves, que a podem levar a considerar a interrupção da gravidez, também aumenta após os 35 anos. De acordo com um estudo, 10% das gravidezes em mulheres com 20 e poucos anos resultam num aborto espontâneo, mas esse valor aumenta para 18% em mulheres com mais de 35 anos e para 34% em mulheres com mais de 40.

Isto significa que terá um risco de 40% de perder o bebé aos 40 anos, risco esse que é de apenas 15% quando está na casa dos 20. Esta questão deve-se principalmente ao facto de que a qualidade e a quantidade dos seus ovócitos diminuem com a idade. A redução na qualidade dos ovócitos conduz a um aumento do risco de um ovócito fecundado não se dividir corretamente, originando anomalias cromossómicas.

Woman thinking fertility after 35

Mulher a considerar a questão da fertilidade após os 35 anos

 

Porque é que se torna tão difícil engravidar depois dos 35?

O motivo principal para o declínio na fertilidade que ocorre perto desta idade consiste no facto de que já lhe restam poucos ovócitos. As mulheres têm cerca de 1 milhão de ovócitos à nascença, contudo, ao atingirem a puberdade, já só restam cerca de 300 a 400 mil. Este número diminui gradualmente e, aos 35, sobram apenas algumas dezenas de ovócitos aptos para serem fecundados. Nesta idade, pode começar a ter ciclos menstruais em que não há libertação de um ovócito.

Com a idade, aumenta a probabilidade de ter tido algum tipo de cirurgia ou infeção que possa ter afetado a sua fertilidade, deixando cicatrizes no colo do útero e nas trompas de Falópio. Também existe uma probabilidade superior de ter desenvolvido problemas como endometriose ou miomas uterinos, que provocam grandes dificuldades em engravidar.

À medida que envelhece, também se dá um declínio natural no muco cervical, o qual tem um papel fundamental na fecundação, ajudando os espermatozoides a atingir o útero e as trompas de Falópio, onde se encontra o ovócito.

Cada ano que acresce aos 35 pode afetar as suas hipóteses de ter uma gravidez bem-sucedida, pelo que é importante procurar assistência médica assim que se aperceba de que está a ter dificuldade em engravidar. Quer tente ter filhos através de FIV, doação de ovócitos/espermatozoides ou por gravidez natural, desejamos que a sua experiência seja o mais agradável possível.

A idade do parceiro também importa

Não é só a idade da mulher que afeta a sua probabilidade de engravidar naturalmente. A idade do parceiro também desempenha um papel.

A fertilidade masculina não diminui tão rapidamente como a feminina; perto dos 40, contudo, já apresenta um declínio significativo. Num estudo verificou-se que as mulheres entre os 35 e os 39 anos que tinham um parceiro no mesmo intervalo de idades apresentavam uma taxa de gravidez de 29%, mas o facto de o parceiro ser cinco ou mais anos mais velho reduziu a taxa de gravidez para apenas 18%.

Existem múltiplos fatores que contribuem para a fertilidade

Muita gente dirá que deve tentar engravidar antes da idade “mágica”. Como vimos, não existe uma idade preestabelecida que determine a diminuição da sua fertilidade (ou a fertilidade do seu parceiro). Dito isto, as suas hipóteses de engravidar e ter um bebé saudável diminuem com a sua idade e com a idade do seu parceiro, à medida que passa a ter menos ovócitos viáveis disponíveis, aumentando a probabilidade de aborto espontâneo e morte fetal. O ideal é procurar engravidar mais cedo, mas não existe nenhuma receita (ou idade) mágica que possa garantir o sucesso.

Ovócitos jovens ou útero jovem: qual dos fatores é mais importante para o sucesso da FIV?

É do conhecimento geral que as mulheres mais jovens, na sua generalidade, têm mais facilidade em engravidar e em dar à luz bebés saudáveis. Mas perceber porquê é uma questão mais complicada.

É do conhecimento geral que as mulheres mais jovens, na sua generalidade, têm mais facilidade em engravidar e em dar à luz bebés saudáveis. Mas perceber porquê é uma questão mais complicada.

Existem pelo menos dois motivos distintos para a gravidez ser mais complicada em mulheres mais velhas:

  • Os seus ovócitos (que dão origem ao feto) são mais velhos
  • O seu corpo, incluindo o útero, é mais velho

Vejamos o impacto de cada fator numa gravidez. Depois, responderemos à questão: qual dos fatores é mais importante – o útero ou o ovócito?

Porque é que a idade dos ovócitos é importante?

Uma bebé nasce com 1 a 2 milhões de ovócitos. O fornecimento de ovócitos diminui de forma contínua, sendo que uma adolescente apresenta, em média, 400 mil ovócitos e uma mulher de 37 anos tem, em média 25 mil.

A diminuição não se dá apenas em termos de quantidade dos ovócitos, mas também a nível da sua qualidade, por diversos motivos. Em primeiro lugar, o corpo da mulher tem tendência a dar prioridade à utilização dos ovócitos de melhor qualidade, os quais são utilizados entre a adolescência e os 30 e poucos anos. Após esta idade, a probabilidade de os ovócitos remanescentes serem de boa qualidade é mais baixa.

Além disso, quando o ovócito amadurece nos ovários, na fase anterior à ovulação, necessita de se dividir várias vezes. Os ovócitos mais antigos têm maior probabilidade de sofrer anomalias na divisão, culminando na formação de uma célula com um número errado de cromossomas. Consequentemente, forma-se um ovócito que não será fecundado ou, caso seja fecundado, não se desenvolverá de forma correta e não permitirá uma gravidez bem-sucedida ou o nascimento de um bebé saudável.

Porque é que a idade do útero (e do resto do corpo) é importante?

Aos 40 anos, todas as mulheres sentem que o seu corpo já não é o que era aos 20.

As mulheres que engravidam após os 35 anos têm maior probabilidade de ter complicações na gravidez, como:

Todas estas complicações podem diminuir as hipóteses de ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos.

Qual dos fatores é mais importante – o útero ou o ovócito?

Antes de responder a esta questão, talvez devêssemos colocar outra: Qual é a importância de saber qual dos fatores é mais importante? Se tem mais de 35 anos, tanto os seus ovócitos como o resto do corpo têm mais de 35 anos. Que diferença faz?

Apesar de não ser possível mudar a idade do seu corpo (a menos que tenha inventado uma máquina do tempo), o recurso à FIV pode permitir que altere a idade dos seus ovócitos. Isto pode ser feito com recurso a ovócitos doados por uma mulher mais jovem ou aos seus próprios ovócitos, congelados quando era mais nova.

Assim, faz sentido saber qual dos dois fatores tem maior importância. Vejamos.

No relatório mais recentet, da Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA, Human Fertilisation and Embryology Authority), em que se utilizaram dados de 2017, os números são reveladores.

IVF birth rates PET by age - 2017

Os números referem-se à taxa de parto de nado-vivo por embrião transferido (PET). Nas mulheres que usam os seus próprios ovócitos, a taxa de nascimentos diminui progressivamente, passando de 27 a 30% (consoante se trate de ovócitos frescos ou congelados) em mulheres com menos de 35 anos, para 2 a 4% em mulheres com mais de 44 anos.

No entanto, nas mulheres que recorrem à doação de ovócitos, a redução é muito menos significativa (sendo que nem sempre se observa uma redução). A taxa de parto por embrião transferido é de 28 a 33% em mulheres com menos de 35 anos, o que não difere muito dos números observados nessa faixa etária quando são utilizados os ovócitos da própria. Mas a taxa de parto em mulheres com mais de 44 anos é de 22 a 26%, o que constitui uma diferença significativa face à taxa de 2 a 4% observada em mulheres que utilizam os seus próprios ovócitos!

Porque é que isto acontece?

Os ovócitos doados provêm quase exclusivamente de mulheres com menos de 35 anos. Ao utilizar estes ovócitos mais jovens, mesmo as mulheres com mais de 40 anos têm uma probabilidade significativa de vir a ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos. É verdade que esta probabilidade não é tão elevada como a que se observa em mulheres até aos 35, o que demonstra que existe, de facto, uma influência do envelhecimento do corpo e do útero. Ainda assim, é bastante superior à das mulheres que utilizam os seus próprios óvulos após os 40 anos, o que confirma que a idade dos ovócitos tem muito maior influência.

Outro aspeto que sustenta o facto de a idade dos ovócitos ter mais influência do que a idade do corpo consiste na diferença observada nas taxas de sucesso entre mulheres que utilizam os seus próprios ovócitos congelados e aquelas que utilizam os seus ovócitos frescos. Em mulheres com menos de 35 anos, a taxa de sucesso da FIV é semelhante à taxa observada quando são utilizados os seus próprios ovócitos frescos. Contudo, todas as faixas etárias seguintes apresentam uma taxa de sucesso superior ao utilizar ovócitos congelados. Os ovócitos congelados numa idade mais jovem aumentam a probabilidade de sucesso.

O mesmo aumento verifica-se quando a FIV é realizada com recurso a embriões congelados numa idade mais jovem.

Será que é esta a fonte da juventude?

Não, não se conhece nenhuma receita milagrosa que a faça voltar aos 21 anos, se é isso que pretende. O seu corpo está preso na sua idade atual. Ponto final.

Mas os números da HFEA indicam o caminho para uma possível fonte de fertilidade. A utilização de ovócitos mais jovens, quer sejam ovócitos seus, congelados, ou provenientes de uma dadora, podem aumentar a maior taxa de sucesso da FIV. Além disso, quanto mais cedo congelar os seus ovócitos (principalmente se o fizer antes dos 35 anos), maior será a probabilidade de vir a ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos com recurso a FIV.

Desejamos-lhe muito sucesso nas escolhas que fizer quanto à sua fertilidade e na construção da família que deseja, quando o desejar.

Qual a melhor opção de preservação da fertilidade: congelar ovócitos ou embriões?

Apesar de não haver ainda qualquer forma de mandar parar o relógio biológico, a tecnologia moderna deu-nos uma espécie de botão para o adiar.

Apesar de não haver ainda qualquer forma de mandar parar o relógio biológico, a tecnologia moderna deu-nos uma espécie de botão para o adiar.

Congelar ovócitos e embriões, uma técnica também conhecida por criopreservação, permite preservar estes fatores decisivos da fertilidade na idade biológica em que foram congelados. Uma vez que o principal fator que influencia a possibilidade de ter uma gravidez e um parto viável é a idade do ovócito, e não a idade da mulher grávida, esta é uma excelente notícia para mulheres cujos relógios biológicos estejam a dar alerta.

Se estiver a considerar esta opção, a próxima grande questão é: deve congelar ovócitos ou embriões?

Esta não é uma decisão fácil, havendo muitas questões a ponderar e fatores a considerar antes de começar. Em seguida, apresenta-se uma longa lista de fatores que a poderão ajudar a decidir qual será o caminho certo para si.

Fatores físicos

Um pouco de contexto

As primeiras fases da congelação de ovócitos e de embriões são idênticas. Administram-se medicamentos que aumentam a ovulação e permitem preparar mais ovócitos do que o habitual. Os ovócitos são então colhidos a partir dos ovários (um procedimento intravaginal feito com anestesia).

Este é o último passo da congelação de ovócitos. Por outro lado, se quiser congelar embriões, é agora altura de transformar esses ovócitos em embriões. Para tal, são precisos espermatozoides, do parceiro ou de um dador, para fecundar o ovócito. Caso o ovócito seja fecundado, será congelado assim que se tenha multiplicado e formado cerca de 50 a 100 células.

Isto traz-nos ao primeiro grande fator a considerar ao optar por congelar ovócitos ou embriões:

Necessidade de espermatozoides

Certo, pode ser óbvio, mas vamos dizê-lo à mesma: para gerar um embrião, precisa de espermatoizoides. Caso tenha um parceiro com quem esteja 100% segura de que quer ter filhos no futuro ou se estiver a contar recorrer à doação de espermatozoides, não existe qualquer obstáculo à criação e congelação de embriões.

Se estiver solteira e ainda tenha esperança de encontrar o parceiro certo com quem ter filhos, a congelação de ovócitos pode fazer mais sentido. Neste caso, basta apenas um interveniente: você.

Taxas de sucesso da congelação e descongelação

Os ovócitos são mais frágeis do que os embriões, uma vez que consistem numa única célula (e não 100), a qual é maioritariamente constituída por água. No entanto, enquanto os métodos mais antigos de congelação de ovócitos originavam problemas, com bastante frequência, durante a congelação ou descongelação dos ovócitos, a técnica de vitrificação (congelação ultrarrápida) que se tem vindo a generalizar nos últimos anos conduziu a um aumento das taxas de sucesso na utilização de ovócitos congelados até à taxa de sucesso na utilização de ovócitos frescos..

Taxa de fecundação conhecida

Ao congelar embriões, sabe exatamente quantos embriões fecundados (ou seja, quantas possibilidades de vir a ter uma gravidez viável) estará a preservar. Por outro lado, ao congelar ovócitos, não sabe quantos deles serão fecundados depois da descongelação.

Assim, a criação de cada embrião para FIV requer normalmente vários ovócitos. Este gráfico exemplificativo mostra 2 embriões viáveis que se desenvolveram a partir de um grupo de 12 ovócitos colhidos (sendo que os resultados individuais podem ser variáveis). Assumindo que o seu caso corresponde ao caso ilustrado no gráfico, e desde que tenha congelado os 12 ovócitos, isto seria basicamente equivalente (em termos probabilísticos) a congelar 2 embriões.

Taxa de parto de recém-nascido vivo

Como sabemos, o facto de termos um ovócito viável (ou mesmo um embrião fecundado) não garante, infelizmente, que se venha a ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos. Mas a probabilidade de dar à luz um recém-nascido vivo é superior utilizando um embrião congelado ou um ovócito congelado?

A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA, Human Fertilisation and Embryology Authority) apresenta as seguintes taxas de parto com embriões congelados com recurso a ovócitos da própria mulher e a espermatozoides do parceiro, com base na idade da mulher no momento da transferência:

Menos de 35 – 27%
35 a 37 – 26%
38 a 39 – 21%
40 a 42 – 15%
43 a 44 – 8%
45 e superior – 4%

Dado que os métodos fiáveis de congelação de ovócitos são mais recentes, existem menos dados sobre a congelação de ovócitos (especialmente em mulheres que usam os seus próprios ovócitos congelados) do que sobre a congelação de embriões.

Os dados que efetivamente temos, segundo a HFEA, indicam uma taxa de parto com recurso a ovócitos congelados de dadoras de cerca de 30% em 2016. Este valor é semelhante (e possivelmente até ligeiramente superior) às taxas supracitadas no caso de embriões congelados, mas não divide os dados de acordo com a idade da mulher no momento da transferência.

A taxa média de parto em mulheres que utilizam os seus próprios ovócitos congelados foi de 18%, semelhante à taxa de parto a partir de embriões congelados em mulheres com idade próxima ou superior a 40 anos no momento da transferência.

A HFEA salienta que um dos motivos para os ovócitos doados terem culminado em mais partos bem-sucedidos foi o facto de serem geralmente congelados mais cedo; e sabe-se que a idade do ovócito é um dos fatores mais críticos. Além disso, para poderem doar ovócitos, as mulheres têm de cumprir determinados critérios em termos de saúde, o que não acontece em mulheres que congelam os seus próprios ovócitos, pelo que a reserva de ovócitos doados é, na sua globalidade, “mais saudável”.

Assim, se utilizar os seus próprios ovócitos, jovens e saudáveis, é provável que obtenha resultados superiores à média, próximos da taxa observada com ovócitos congelados de dadoras e embriões congelados.

Pode ser-lhe útil recorrer à ferramenta de decisão do Brigham and Women’s Hospital, Brigham Women’s Hospital Egg Freezing Counseling Tool. Trata-se de uma calculadora desenvolvida com base na investigação que permite prever a probabilidade de ocorrer um parto de um recém-nascido vivo em mulheres que optam por congelar ovócitos para utilização futura. (Nota: de acordo com o termo de responsabilidade da própria ferramenta, apesar de esta ter sido desenvolvida com base na investigação, a calculadora não tem validação externa, pelo que deve ser utilizada com precaução.)

Fatores éticos e legais

Dissolução de uma relação

Ao congelar embriões fecundados com um parceiro específico, não poderá voltar atrás. Mesmo que esteja loucamente apaixonada pelo seu parceiro atual e convencida de que um dia terão filhos, as relações nem sempre terminam da forma que imaginávamos.

A maioria dos formulários de consentimento para FIV e congelação de embriões contêm cláusulas legais que estipulam o modo como será feita a divisão da posse dos embriões caso a relação termine. Dito isto, se a relação tiver um fim atribulado, poderá ter problemas legais… se ainda quiser, sequer, utilizar esses embriões.

A congelação de ovócitos permite evitar todos estes problemas. Os seus ovócitos são totalmente seus e podem ser utilizados se, quando e como quiser.

Tratamento de ovócitos/embriões não utilizados

Na prática, muitas mulheres acabam por não utilizar os ovócitos e embriões que congelaram, porque engravidaram naturalmente, decidiram não ter filhos ou conseguiram ter o número de filhos que queriam antes de utilizar todos os ovócitos/embriões. O que acontece ao seu material genético se decidir que não precisa mais dele?

Muitas religiões consideram que um embrião é uma vida humana, impondo restrições ao modo como deve ser tratado, mesmo que já não seja necessário. Religião à parte, não é anormal que a ideia de descartar um embrião sem mais nem menos provoque algum incómodo. Pelo contrário, os ovócitos não fecundados são muito mais simples de descartar, tanto a nível emocional como ético.

Peaceful couple after fertility preservation

Casal tranquilo após preservação da fertilidade

Fatores emocionais

Briallen Hopper levanta uma questão inesperada, ao dar-se conta de que a congelação de embriões (com espermatozoides de um dador) diminuiu as suas hipóteses de encontrar o amor.

Com pouco mais de 40 anos, Briallen quer ter filhos, mas os homens que querem ter filhos começam já a excluí-la da lista de potenciais parceiras. As suas hipóteses de engravidar naturalmente começam a diminuir significativamente, e a probabilidade de que os homens que queiram formar família estejam interessados em ter um filho utilizando um embrião que não contenha o seu material genético é baixa.

Os embriões congelados, obtidos com recurso a espermatozoides de um dador, podem permitir que Briallen seja mãe, mas, paradoxalmente, à custa de encontrar um parceiro.

Ao deixar em aberto a questão de quem será o pai, a congelação de ovócitos não tem o mesmo impacto na forma como pensa no amor ou nos seus potenciais parceiros.

Fatores financeiros

A congelação de ovócitos ou de embriões não sai barata. Se as suas possibilidades económicas forem limitadas, a escolha entre congelar ovócitos e embriões pode depender dos eventuais procedimentos abrangidos pela sua seguradora.

No caso de Briallen Hopper, de quem falávamos, o aspeto financeiro foi crucial para a sua decisão. A congelação de ovócitos era incomportável, mas a sua seguradora cobria os custos da técnica de FIV, colocando o processo de congelação de embriões ao seu alcance.

Tomar uma decisão

Congelar ovócitos? Ou congelar embriões? A escolha não é fácil. Tem de tomar uma decisão que tenha em conta presente e futuro, esperanças e desejos, e a sua realidade.

Esperamos que, com esta abordagem dos vários fatores importantes envolvidos em ambos os processo, tenha ficado mais informada acerca das vantagens e desvantagens de cada um. Desejamos que tome uma decisão esclarecida que lhe traga satisfação.

O que acontece aos seus ovócitos à medida que envelhece?

Já deve ter ouvido a expressão “O relógio não pára” tantas vezes que já enjoa. No entanto, as mulheres que queiram ter filhos não podem simplesmente ignorar a sensação de urgência.

Já deve ter ouvido a expressão “O relógio não pára” tantas vezes que já enjoa. No entanto, as mulheres que queiram ter filhos não podem simplesmente ignorar a sensação de urgência. A necessidade de conjugar a progressão na carreira com a procura do parceiro ideal e de resolver outros problemas da vida antes de terem filhos significa que o “relógio” não é apenas uma metáfora irritante, mas sim uma preocupação legítima. Apesar de a fertilidade não desaparecer simplesmente de um dia para o outro, também não dura para sempre, sendo que o processo de declínio da fertilidade se inicia na casa dos 30 anos. Vamos ver porquê, e saber o que pode (ou não pode) fazer quanto a esta questão.

Quantidade de ovócitos

A quantidade de ovócitos férteis não se mantém constante ao longo da vida. Enquanto uma adolescente tem cerca de 400 mil ovócitos, este número começa rapidamente a diminuir. O Dr. Sherman Silber, autor de um guia sobre como levar a melhor sobre o seu relógio biológico (Beating Your Biological Clock, no seu título original), explica que, após o início da menstruação, uma adolescente perde mil ovócitos imaturos todos os meses, sendo que esta perda é simplesmente um processo biológico e não algo que possa ser alterado por fatores que possamos controlar. Em média, as mulheres têm cerca de 25 mil ovócitos aos 37 anos e apenas mil aos 51. Poder-se-ia pensar, “bem… para engravidar, basta UM ovócito saudável.” Esses números parecem ser ainda bastante altos. Mas uma gravidez bem-sucedida não é apenas uma questão de números.

Qualidade dos ovócitos

Nem todos os ovócitos são criados iguais. Para um ovócito estar pronto a ser fecundado, tem de passar por várias divisões celulares. Durante o processo complexo e fascinante de divisão celular, os cromossomas devem replicar e separar de forma perfeita quando a célula se divide em duas. À medida que os ovócitos envelhecem, vão tendo cada vez mais dificuldades no processo de divisão. Um dos problemas pode ocorrer nos próprios cromossomas. Podem separar-se demasiado cedo no processo de divisão celular, o que confere ao óvócito resultante um número anormal de cromossomas; a isto dá-se o nome de aneuploidia. Outro problema pode ocorrer com as partes da célula que envolvem os cromossomas, permitindo o seu alinhamento correto durante a divisão celular. Em ovócitos envelhecidos, é frequente estas partes (designadas microtúbulos) terem menor controlo sobre o processo, acabando (novamente) por conferir ao ovócito resultante um número anormal de cromossomas.

O que acontece a um ovócito que tenha um número anormal de cromossomas? Pode dar-se o caso de:

  • não ter capacidade de ser fecundado
  • não permitir o crescimento e desenvolvimento saudável do feto (resultando num aborto espontâneo precoce)
  • originar um bebé com síndrome de Down (a qual é provocada por um problema muito específico na divisão cromossómica)

Resumindo: apesar de muitas mulheres mais velhas poderem ter filhos saudáveis naturalmente, quanto mais velhos forem os ovócitos, maior a probabilidade de se darem anomalias no desenvolvimento e menor a probabilidade de originarem um bebé saudável.

Soluções presentes e futuras

O Professor Greg Fitzharris sugere que, futuramente, talvez venha a ser possível colher os cromossomas de um ovócito de uma mulher mais velha e introduzi-los no ovócito de uma mulher mais jovem. Desta forma, o material genético continuaria a ser inteiramente seu (ao contrário do que acontece na “doação de ovócitos”), mas os microtúbulos mais jovens do ovócito doado aumentariam o sucesso da divisão cromossómica. Por mais entusiasmante que pareça, esta hipótese ainda está longe de ser uma realidade. Mas as mulheres que estejam a pensar antecipadamente sobre a sua fertilidade podem preservar eficazmente a juventude dos seus ovócitos, já hoje. As mulheres que congelam alguns dos seus ovócitos aos 30 e poucos anos, por exemplo, poderão utilizá-los aos 40, quando decidirem que está na altura certa para serem mães. Este processo de congelação designa-se criopreservação de ovócitos maduros, e é feito em clínicas de fertilidade em todo o mundo. A congelação de ovócitos permite parar o relógio, retendo a qualidade dos cromossomas e do material celular envolvente. É uma das melhores soluções atualmente disponíveis para preservação da fertilidade. Não existem garantias, mas o facto de conhecer as opções disponíveis e planear o futuro com antecedência são as melhores medidas a adotar para tornar os sonhos de maternidade numa realidade.