Estará o seu emprego a afetar a sua fertilidade?

É provável que já tenha ouvido falar dos riscos de adiar a maternidade até atingir estabilidade na carreira, uma vez que ter filhos mais tarde poderá reduzir as suas hipóteses de vir a ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos.

É provável que já tenha ouvido falar dos riscos de adiar a maternidade até atingir estabilidade na carreira, uma vez que ter filhos mais tarde poderá reduzir as suas hipóteses de vir a ter uma gravidez e um parto bem-sucedidos. Mas talvez não saiba que o seu emprego ou as próprias condições do seu local de trabalho podem também afetar as suas possibilidades de engravidar e ter filhos saudáveis.

Existem pelo menos seis formas através das quais o seu emprego pode afetar a sua fertilidade:

  • A exposição a produtos químicos pode reduzir a fertilidade
  • A exposição à radiação pode provocar lesões no sistema reprodutor e nos ovócitos
  • O impacto do trabalho por turnos ou de diferenças horárias (jet lag) no equilíbrio hormonal pode afetar a fertilidade
  • Os efeitos do stresse nas hormonas reprodutivas podem reduzir a probabilidade de engravidar
  • Passar muito tempo a levantar objetos pesados, com as costas dobradas ou em pé, exigindo ao seu corpo um esforço físico, pode pô-la em risco de ter problemas de fertilidade
  • A fertilidade masculina também pode ser afetada pelo ambiente de trabalho. Há que ter em conta que são precisos dois para dançar o tango!

Locais de trabalho que a expõem a produtos químicos prejudiciais

É difícil dizer o número exato de produtos químicos aos quais as mulheres estão expostas no dia a dia, uma vez que eles se encontram por todo o lado: na maquilhagem, nos produtos de saúde, na água e nos alimentos. Num estudo verificou-se que cada mulher grávida nos EUA está exposta a pelo menos 43 produtos químicos diferentes durante a gravidez.

Mas o local de trabalho pode ser particularmente perigoso. Demonstrou-se que existem mais de mil produtos químicos frequentes no local de trabalho que afetam a reprodução em animais, mas há outros milhões que nunca foram sequer estudados. Na Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA, European Chemicals Agency) foram registadas mais de 21 mil substâncias desde 2008, tratando-se apenas de substâncias produzidas em quantidades superiores a uma tonelada. É impossível saber quais delas poderão afetar a fertilidade.

Ainda assim, existem alguns produtos químicos que já se sabe que podem dificultar uma gravidez, aos quais é muito fácil estar exposto. Alguns dos principais produtos químicos nocivos que afetam a fertilidade são:

  • Chumbo e compostos de chumbo utilizados em tintas, tubagens e cerâmica
  • Pesticidas utilizados na agricultura, silvicultura ou em veterinária
  • ureto de carbono (CS2) utilizado em fábricas que produzem borracha e celofane
  • Bifenilos policlorados (PCB) utilizados em equipamentos elétricos, lubrificantes, fluidos de arrefecimento e outros fins industriais
  • Resina epóxi e resinas utilizadas no fabrico de plástico, em salões de estética e em medicina dentária
  • Solventes orgânicos como os utilizados em diluentes, removedores de verniz, perfumes e em desinfetantes industriais utilizados em estabelecimentos de saúde e salões de estética
  • Gases de escape de motores a diesel e de motores a jato

Como podemos ver, isto inclui um grande número de locais de trabalho e tipos de empregos, incluindo trabalho em salões de estética, fábricas, estabelecimentos de saúde, agricultura, arte e oficinas.

Estes produtos químicos podem alterar o equilíbrio entre a hipófise (uma glândula no cérebro que controla as hormonas) e os ovários.

O estrogénio e a progesterona são hormonas que regulam o seu ciclo menstrual e permitem ao útero preparar-se para acolher o ovócito fecundado. Se a hipófise não produzir as hormonas na altura e na quantidade certa, podem ocorrer alterações no momento da ovulação, danos na produção de ovócitos e uma redução na qualidade dos ovócitos. É mais provável que tenha dificuldades em engravidar caso os seus ovócitos estejam danificados. Além disso, quando a qualidade dos ovócitos é mais baixa, o risco de não se dividirem corretamente é superior, o que aumenta a probabilidade de ocorrência de anomalias cromossómicas.

 

Trabalho na área da saúde

Os fármacos de quimioterapia, os exames de raio-X e procedimentos de fluoroscopia produzem radiação ionizante, à qual geralmente chamamos apenas radiação. Esta afeta a fertilidade das pessoas que tenham de ser submetidas aos tratamentos, mas podem também afetar as equipas médicas que realizam os procedimentos ou que cuidam das pessoas após o tratamento.

A radiação direta pode provocar lesões nos ovários, ao passo que a radiação de fuga pode danificar o ADN das células. As práticas de segurança atualmente aplicáveis aos locais de trabalho geralmente garantem que a radiação de fuga se encontra bastante abaixo dos níveis nocivos, mas é importante seguir as regras e garantir que os empregadores obedecem às mesmas. Mesmo uma pequena dose de radiação pode induzir a menopausa precoce.

Demasiado stresse no trabalho

Qualquer profissão que provoque muito stresse pode ter impacto na fertilidade.

Referimo-nos a cargos executivos importantes, trabalhos com prazos muito curtos e exposição a chefes tóxicos ou a um ambiente de trabalho stressante.

Isto deve-se ao facto de o stresse produzir uma resposta hormonal (resposta de “luta-ou-fuga”) que afeta o equilíbrio hormonal do organismo, o que pode afetar a produção de hormonas reprodutivas.

Trabalho por turnos e diferença horária (“jet lag”)

Viajar com regularidade ou trabalhar durante a noite, de manhã cedo ou até tarde pode perturbar o seu relógio biológico, provocando “jet lag”. Quando o relógio biológico não funciona corretamente, a produção hormonal pode sofrer alterações, perturbando o ciclo menstrual e a janela de ovulação.

Isto aplica-se a:

  • Mulheres de negócios que viajam regularmente ou que trabalham no estrangeiro
  • Pessoas que trabalham por turnos em profissões da área da saúde, forças de segurança, comida rápida, hotelaria e fábricas.

Apenas cerca de 24% dos europeus têm um emprego em que trabalham 8 horas por dia, cinco dias por semana, em horário diurno. 17% trabalham por turnos e 14% trabalham 10 ou mais horas regularmente.

Empregos fisicamente exigentes

No seu emprego, muitas mulheres têm tarefas que exigem dobrar as costas ou levantar objetos pesados; demonstrou-se que estas atividades podem afetar a qualidade dos ovócitos e a sua produção. O CDC define estas atividades como “excessivas” quando uma pessoa dobra as costas mais de 20 vezes por dia ou levanta objetos pesados mais de uma vez a cada cinco minutos.

Num estudo publicado na revista Journal of Occupational & Environmental Medicine, verificou-se que as mulheres que têm empregos fisicamente exigentes apresentavam uma reserva ovárica 9% mais baixa e menos 14,5% de ovócitos maduros do que as mulheres cujos empregos não obrigavam a levantar pesos.

As mulheres que trabalham em restaurantes ou bares, como prestadoras de cuidados infantis, em fábricas ou armazéns de distribuição, no comércio a retalho e várias outras indústrias podem estar sujeitas a “demasiada” atividade física, de acordo com o estudo anterior.

A fertilidade masculina também é uma questão relevante

O ambiente de trabalho pode afetar também a fertilidade masculina, pelo que deve ser um fator a ter em conta se tiver dificuldades em engravidar.

O calor é um fator de risco significativo de infertilidade masculina.

A temperatura ideal para a produção de espermatozoides é de alguns graus a menos do que a temperatura corporal, mas muitos homens trabalham em ambientes quentes que aumentam a temperatura nos testículos. Nestas situações, a forma dos espermatozoides sofre alterações e estes não conseguem nadar suficientemente bem para alcançar e fecundar o ovócito.

O calor pode ser um problema para:

  • Operários fabris
  • Soldadores
  • Polícias, bombeiros e outras profissões que requeiram a utilização de uniformes apertados e pesados
  • Trabalhadores em escritórios que utilizem o computador portátil no colo

A exposição a produtos químicos como pesticidas, DDEs, gases de escape de motores a diesel, chumbo e diluentes pode influenciar:

  • A qualidade do esperma
  • A produção de espermatozoides
  • A libido e a função eréctil
  • A produção de sémen, necessário para os espermatozoides alcançarem o ovócito

Nem todos os riscos são iguais

Antes de entrar em pânico, tenha em mente que nem todos os produtos químicos irão afetar a sua saúde reprodutiva.

Dos aspetos que fazem a diferença, salientam-se:

  • A duração da exposição ao fator de risco: inala vapores de gasolina uma vez por mês ou todos os dias?
  • A via de exposição: inala vapores, sente partículas na pele ou o produto fica nas mãos, passando depois para a boca?
  • O momento da exposição: alguns produtos químicos podem afetar a ovulação apenas quando a exposição se dá em determinadas alturas do ciclo, ou aumentar o risco de aborto espontâneo somente no primeiro trimestre da gravidez.
  • A sua idade e saúde geral. Algumas mulheres são mais afetadas por produtos químicos, stresse, etc. do que outras.

Procure um ambiente de trabalho saudável

Ainda não se conhecem todas as formas através das quais o seu emprego poderá afetar a sua fertilidade, pelo que é importante fazer todos os possíveis por criar um ambiente de trabalho saudável.

Isto aplica-se a:

  • Garantir que o seu escritório ou local de trabalho tem ventilação adequada
  • Utilizar equipamento de proteção individual (EPI) apropriado quando necessário
  • Evitar situações de stresse
  • Reduzir as viagens de negócios e o trabalho por turnos
  • Minimizar a frequência com que dobra as costas ou levanta objetos pesados

Independentemente das opções que venha tomar quanto à sua futura família, desejamos que a sua experiência seja o mais agradável possível.

Menopausa precoce e planeamento da fertilidade

Se está a tentar ter filhos, é provável que pondere o momento certo para engravidar tendo por base uma vaga ideia da altura em que chegará a menopausa. A menopausa assinala o “fim da linha” para mulheres que querem engravidar.

Se está a tentar ter filhos, é provável que pondere o momento certo para engravidar, tendo por base uma vaga ideia da altura em que chegará a menopausa. A menopausa assinala o “fim da linha” para mulheres que querem engravidar. Na maioria das mulheres, a menopausa ocorre entre os 45 e os 55 anos (em média, aos 51); contudo, em algumas mulheres, esta pode surgir muito mais cedo do que o esperado, o que pode constituir um obstáculo às suas preferências no que diz respeito ao planeamento familiar.

O que é a menopausa precoce?

Os médicos fazem uma distinção entre a menopausa precoce, que ocorre entre os 40 e os 45 anos, e a menopausa prematura, também conhecida por falência ovárica prematura ou insuficiência ovárica primária, a qual se dá antes dos quarenta anos.

Os estudos realizados indicam que cerca de 5% das mulheres têm menopausa precoce, sendo que a menopausa prematura ocorre em mais 1% das mulheres..

Qual é a causa da menopausa precoce?

Para muitas mulheres, a menopausa precoce ou prematura é idiopática, ou seja, não tem uma causa médica conhecida. Dito isto, existem vários fatores que podem conduzir à menopausa precoce ou à insuficiência ovárica primária:

Os tratamentos de quimioterapia ou radioterapia conduzem frequentemente à menopausa, uma vez que o tratamento pode provocar lesões nos ovários e impedi-los de ovular. Nestas situações, é possível que o seu organismo recupere e comece novamente a ovular, apesar de ainda poder vir a ter dificuldades em engravidar devido a outros efeitos do tratamento nos seus órgãos reprodutores.

Doenças genéticas e cromossómicas, como a síndrome de Turner, podem afetar os ovários logo após o nascimento, conduzindo à menopausa precoce ou prematura.

Doenças autoimunes como diabetes, artrite reumatoide e doenças da tiroide, são sinais de uma disfunção no sistema imunitário, que ataca o organismo em vez da doença. Nestes casos, o sistema imunitário pode também atacar os ovários e impedir que funcionem corretamente.

Algumas infeções, como a papeira, a malária e a tuberculose, podem danificar os ovários, mas esta situação é muito rara. Sem o devido controlo com medicação, o VIH e a SIDA podem também conduzir à menopausa.

A cirurgia para remoção dos ovários provoca forçosamente a menopausa.

O tabaco pode acelerar a degeneração dos folículos (ovócitos prematuros). As mulheres nascem com uma média de um milhão de folículos, e este número vai diminuindo lentamente ao longo do tempo. Os folículos não são gastos apenas na ovulação e na menstruação; sofrem também um processo denominado atresia, em que simplesmente degeneram e morrem. O tabagismo acelera este processo.

Num estudo conduzido na Dinamarca, verificou-se que existirá uma ligação entre a idade a que a sua mãe entrou na menopausa e a sua reserva ovárica, isto é, o número de ovócitos que ainda tem no seu organismo. Se tiver antecedentes familiares de menopausa precoce, é provável que tenha uma reserva ovárica inferior à média, que tenha dificuldades em engravidar numa idade inferior à média, e que a menopausa se inicie mais cedo do que a média.

O que é a perimenopausa?

É raro a menopausa ocorrer totalmente de um dia para o outro (de facto, tal só aconteceria se os seus ovários fossem retirados cirurgicamente). As mulheres passam por uma fase designada perimenopausa, que se refere a um período em que ainda ovulam, mas com uma frequência muito mais baixa. Nesta fase, os ciclos menstruais tornam-se irregulares e mais espaçados.

A perimenopausa pode durar até seis anos ou mais, durante os quais ainda é possível engravidar, mas é muito mais difícil. Num estudo, verificou-se que entre 2,2% a 14,2% das mulheres envolvidas engravidaram naturalmente e deram à luz um bebé saudável.

Se começar a ter períodos visivelmente mais longos ou mais curtos do que é habitual, ou se o período parar totalmente durante três ciclos, poderá estar a entrar na perimenopausa. Poderá também ter alguns dos sintomas da menopausa, como afrontamentos, secura vaginal, insónia, dor de cabeça, ansiedade e dores nas articulações.

De que forma é que a menopausa precoce afeta o seu planeamento da fertilidade?

Após a menopausa, não poderá voltar a engravidar naturalmente, mas ainda poderá ter filhos através de FIV com doação de ovócitos ou com os seus próprios ovócitos congelados numa altura anterior da sua vida.

Poderá já ter ouvido falar sobre a terapêutica hormonal de substituição, ou THS, que é frequentemente recomendada em mulheres que apresentam menopausa precoce. No entanto, a THS é indicada apenas em vários outros problemas de saúde associados à menopausa, como osteoporose e risco aumentado de cancro, além de ser prescrita para controlar os sintomas da menopausa. Não permite melhorar a fertilidade.

Se:

  • Tiver antecedentes familiares de menopausa precoce;
  • Tiver uma doença autoimune, infeção ou doença genética que possa conduzir à menopausa precoce;
  • Tiver sido aconselhada a iniciar um tratamento ou a fazer uma cirurgia que possa ter efeitos na sua fertilidade;

é aconselhável considerar a hipótese de congelar os seus ovócitos o mais rapidamente possível.

A congelação de ovócitos na casa dos 20 ou dos 30 anos permite que a qualidade dos ovócitos seja superior, aumentando as suas hipóteses de sucesso quando, mais tarde, os utilizar para engravidar através de FIV. A qualidade dos ovócitos pode entrar em declínio muito antes da menopausa, o que significa que, mesmo que engravide durante a perimenopausa, terá maior risco de ter um aborto espontâneo e de o ovócito não se dividir corretamente, fazendo com que cada célula do embrião tenha um número errado de cromossomas.

A possibilidade de ter menopausa precoce ou prematura é um fator a ter em conta nos seus futuros planos de ter filhos. Independentemente das opções que venha a tomar, desejamos que o caminho que a conduz à maternidade seja agradável e cheio de sucessos.

O que acontece aos seus ovócitos à medida que envelhece?

Já deve ter ouvido a expressão “O relógio não pára” tantas vezes que já enjoa. No entanto, as mulheres que queiram ter filhos não podem simplesmente ignorar a sensação de urgência.

Já deve ter ouvido a expressão “O relógio não pára” tantas vezes que já enjoa. No entanto, as mulheres que queiram ter filhos não podem simplesmente ignorar a sensação de urgência. A necessidade de conjugar a progressão na carreira com a procura do parceiro ideal e de resolver outros problemas da vida antes de terem filhos significa que o “relógio” não é apenas uma metáfora irritante, mas sim uma preocupação legítima. Apesar de a fertilidade não desaparecer simplesmente de um dia para o outro, também não dura para sempre, sendo que o processo de declínio da fertilidade se inicia na casa dos 30 anos. Vamos ver porquê, e saber o que pode (ou não pode) fazer quanto a esta questão.

Quantidade de ovócitos

A quantidade de ovócitos férteis não se mantém constante ao longo da vida. Enquanto uma adolescente tem cerca de 400 mil ovócitos, este número começa rapidamente a diminuir. O Dr. Sherman Silber, autor de um guia sobre como levar a melhor sobre o seu relógio biológico (Beating Your Biological Clock, no seu título original), explica que, após o início da menstruação, uma adolescente perde mil ovócitos imaturos todos os meses, sendo que esta perda é simplesmente um processo biológico e não algo que possa ser alterado por fatores que possamos controlar. Em média, as mulheres têm cerca de 25 mil ovócitos aos 37 anos e apenas mil aos 51. Poder-se-ia pensar, “bem… para engravidar, basta UM ovócito saudável.” Esses números parecem ser ainda bastante altos. Mas uma gravidez bem-sucedida não é apenas uma questão de números.

Qualidade dos ovócitos

Nem todos os ovócitos são criados iguais. Para um ovócito estar pronto a ser fecundado, tem de passar por várias divisões celulares. Durante o processo complexo e fascinante de divisão celular, os cromossomas devem replicar e separar de forma perfeita quando a célula se divide em duas. À medida que os ovócitos envelhecem, vão tendo cada vez mais dificuldades no processo de divisão. Um dos problemas pode ocorrer nos próprios cromossomas. Podem separar-se demasiado cedo no processo de divisão celular, o que confere ao óvócito resultante um número anormal de cromossomas; a isto dá-se o nome de aneuploidia. Outro problema pode ocorrer com as partes da célula que envolvem os cromossomas, permitindo o seu alinhamento correto durante a divisão celular. Em ovócitos envelhecidos, é frequente estas partes (designadas microtúbulos) terem menor controlo sobre o processo, acabando (novamente) por conferir ao ovócito resultante um número anormal de cromossomas.

O que acontece a um ovócito que tenha um número anormal de cromossomas? Pode dar-se o caso de:

  • não ter capacidade de ser fecundado
  • não permitir o crescimento e desenvolvimento saudável do feto (resultando num aborto espontâneo precoce)
  • originar um bebé com síndrome de Down (a qual é provocada por um problema muito específico na divisão cromossómica)

Resumindo: apesar de muitas mulheres mais velhas poderem ter filhos saudáveis naturalmente, quanto mais velhos forem os ovócitos, maior a probabilidade de se darem anomalias no desenvolvimento e menor a probabilidade de originarem um bebé saudável.

Soluções presentes e futuras

O Professor Greg Fitzharris sugere que, futuramente, talvez venha a ser possível colher os cromossomas de um ovócito de uma mulher mais velha e introduzi-los no ovócito de uma mulher mais jovem. Desta forma, o material genético continuaria a ser inteiramente seu (ao contrário do que acontece na “doação de ovócitos”), mas os microtúbulos mais jovens do ovócito doado aumentariam o sucesso da divisão cromossómica. Por mais entusiasmante que pareça, esta hipótese ainda está longe de ser uma realidade. Mas as mulheres que estejam a pensar antecipadamente sobre a sua fertilidade podem preservar eficazmente a juventude dos seus ovócitos, já hoje. As mulheres que congelam alguns dos seus ovócitos aos 30 e poucos anos, por exemplo, poderão utilizá-los aos 40, quando decidirem que está na altura certa para serem mães. Este processo de congelação designa-se criopreservação de ovócitos maduros, e é feito em clínicas de fertilidade em todo o mundo. A congelação de ovócitos permite parar o relógio, retendo a qualidade dos cromossomas e do material celular envolvente. É uma das melhores soluções atualmente disponíveis para preservação da fertilidade. Não existem garantias, mas o facto de conhecer as opções disponíveis e planear o futuro com antecedência são as melhores medidas a adotar para tornar os sonhos de maternidade numa realidade.